Sagrado Coração de Jesus é uma das três solenidades do Tempo Comum, dentro da Liturgia da Igreja Católica, comemorada na segunda Sexta-feira, após a solenidade de Corpus Christi. Além disso, essa devoção também é cultivada pela Igreja Católica ao longo de todas as primeiras Sextas-feiras de cada mês. Consiste na veneração do Coração de Jesus, do mais íntimo de Seu Amor.
As origens da devoção
Pintura com a Beata Maria do Divino Coração e Santa Margarida Maria de Alacoque em adoração ao Sagrado Coração de Jesus.
A origem desta devoção deve-se a Santa Margarida Maria de Alacoque, uma religiosa de uma Congregação conhecida como Ordem da Visitação. A Santa Margarida Maria teve extraordinárias revelações por parte de Jesus Cristo, que a incumbiu pessoalmente de divulgar e propagar no mundo esta piedosa devoção. Foram três as aparições de Jesus: A primeira, deu-se a 27 de Dezembro de 1673, a segunda em 1674 e, a terceira, em 1675.[1] Mais tarde, outra religiosa, a Beata Maria do Divino Coração, condessa de Droste zu Vischering, a partir de Portugal estendeu a esta devoção a todo o Mundo por meio de um acto de consagração solene pedido ao Papa Leão XIII.
Jesus deixou doze grandes promessas às pessoas que, aproveitando-se da Sua Divina Misericórdia, participassem das comunhões reparadoras das primeiras sextas-feiras. Disse Ele, numa dessas ocasiões a Santa Margarida Maria: "Prometo-te, pela Minha excessiva misericórdia e pelo amor todo-poderoso do meu Coração, conceder a todos os que comungarem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, a graça da penitência final; não morrerão em minha inimizade, nem sem receberem os sacramentos, e Meu Divino Coração lhes será seguro refúgio nessa última hora".
Não se sabe quem compôs a lista com as 12 promessas do Sagrado Coração de Jesus, tiradas das revelações de Nosso Senhor a Santa Margarida Maria de Alacoque. Sabe-se só que são fidedignas – as promessas estão de fato contidas nas revelações – e que o trabalho anônimo foi de grande mérito e utilidade.
M. Kemper, um modesto comerciante de Dayton, cidadezinha norte-americana, iniciou, em 1882, um trabalho de ampla divulgação delas.
A partir desta primeiro impulso, tiveram propagação mundial. Normalmente são conhecidas como as 12 Promessas do Coração de Jesus, a mais importante das quais, é a 12ª, chamada a GRANDE PROMESSA.[2]
Os Papas que recomendaram esta devoção
Papa Pio XII – “Todas as Bênçãos que, do Céu, a Devoção ao Sagrado Coração de Jesus derrama sobre as almas dos Fiéis, purificando-os, trazendo-lhes uma grata consolação celeste e exortando-os a alcançar todas as virtudes, são verdadeiramente inumeráveis.”
Papa Pio XII – “A Igreja teve sempre em tal estima a Devoção ao Sagrado Coração de Jesus, e de tal modo continua a considerá-la, que se empenha totalmente no sentido de a manter florescente em todo o mundo, e de a promover por todos os meios possíveis.”
Papa Leão XIII disse que a Devoção ao Sagrado Coração de Jesus era “uma forma por excelência de religiosidade (…) Esta devoção, que recomendamos a todos, será para todos proveitosa.” – “No Sagrado Coração está o símbolo e a imagem expressa do Amor Infinito de Jesus Cristo, que nos leva a retribuir-Lhe esse Amor.”
Papa Pio XII – “O Seu Coração é o sinal natural e o símbolo do Seu Amor sem limites para com a humanidade.”
O Papa São Gregório Magno († 604 AD) disse: “Aprendei do Coração de Deus e nas próprias palavras de Deus, para poderdes aspirar ardentemente às coisas eternas.”
O Papa São Pio X recomendou esta devoção tal como o Papa Pio XI e como, já antes, o fizera o Bem-Aventurado Papa Pio IX.
Os Santos que recomendaram esta devoção
Beata Maria do Divino Coração
O exemplo dos Santos, ao mesmo tempo que é um poderoso incentivo que nos incita à prática de uma devoção que eles próprios praticaram, é também, para nós, um guia modelar que nos mostra como a devemos praticar.
O espaço de que dispomos não nos permite anotar todos os Santos que promoveram a Devoção ao Sagrado Coração de Jesus, que a viveram e que sentiram o sagrado impulso que dela provinha para amar Jesus mais ardentemente. Recordemos aqui a doutrina e o exemplo dos Santos:
Santa Margarida Maria de Alacoque foi a primeira pessoa a quem Jesus revelou o Seu Sagrado Coração (por meio de diversas aparições) e foi a primeira responsável pela divulgação do Seu culto e devoção ao Mundo.
Santa Gertrudes, a Grande (1256-1302), compôs esta Oração expressando o seu Amor: "Eu Vos saúdo, ó Sagrado Coração de Jesus, Fonte viva e vivificante de Vida Eterna, Tesouro infinito da Divindade, Fornalha Ardente do Amor de Deus…".
Santa Catarina de Siena elevou até um grau extraordinário o Amor que dedicou a esta Devoção (ao Sagrado Coração de Jesus): ofereceu o coração todo inteiro ao seu Divino Esposo, tendo obtido em troca o próprio Coração de Jesus.
A Beata Maria do Divino Coração, condessa de Droste zu Vischering, foi uma religiosa da Congregação das Irmãs do Bom Pastor que pediu, em nome do próprio Jesus Cristo, ao Papa Leão XIII que ele consagrasse todo o Mundo ao Sagrado Coração de Jesus. Tal facto veio a ocorrer a 11 de Junho de 1899, logo após a publicação da Encíclica Annum Sacrum.
E todos os que leram a vida e a obra de Santos – como São Francisco de Assis, São Tomás de Aquino, Santa Teresa de Ávila, São Boaventura, Santo Inácio de Loyola, São Francisco Xavier, São Filipe de Néri, São Francisco de Sales, São Luís de Gonzaga, Santa Faustina, entre outros – poderão ver a terna devoção, a admiração e a adoração que estes Santos dedicavam ao Sagrado Coração de Jesus.
As 12 Promessas do Sagrado Coração de Jesus
- Dar-lhes-ei todas as graças necessárias ao seu estado de vida.
- Estabelecerei a paz nas suas famílias.
- Abençoarei os lares onde for exposta e honrada a imagem do Meu Sagrado Coração.
- Hei-de consolá-los em todas as dificuldades.
- Serei o seu refúgio durante a vida e em especial na hora da morte.
- Derramarei bênçãos abundantes sobre todos os seus empreendimentos.
- Os pecadores encontrarão no Meu Sagrado Coração uma fonte e um oceano sem fim de Misericórdia.
- As almas tíbias tornar-se-ão fervorosas.
- As almas fervorosas ascenderão rapidamente a um estado de grande perfeição.
- Darei aos sacerdotes o poder de tocarem os corações mais empedernidos.
- Aqueles que propagarem esta devoção terão os seus nomes escritos no Meu Sagrado Coração e d’Ele nunca serão apagados.
- Prometo-vos, no excesso de Misericórdia do Meu Coração, que o Meu Amor Todo-Poderoso concederá, a todos aqueles que comungarem na Primeira Sexta-Feira de nove meses seguidos, a graça da penitência final; não morrerão no Meu desagrado nem sem receberem os Sacramentos: o Meu Divino Coração será o seu refúgio de salvação nesse derradeiro momento.
Ligações externas
Liturgia
A liturgia é o culto público, quer dizer, os atos sagrados que por instituição de Cristo ou da Igreja, em seu nome, são realizados seguindo os livros litúrgicos oficiais.
Evidentemente refletem de modo autêntico o sentir e a fé da Igreja. Na liturgia são verificados especialmente a potestade de magistério. Quando o magistério propõe aos fiéis como devem render culto a Deus, tem uma particular assistência do Espírito Santo para não equivocar-se e oferecer um caminho certo e seguro de santificação, já que se trata da mais importante finalidade da Igreja.
Onde principalmente se ensina aos fiéis a doutrina e a vida cristã, é na Missa. Pois, bem, o culto público ao Sagrado Coração, foi canonizado em 1765 por Clemente XIII, ao introduzir sua festa litúrgica, com Missa e ofícios próprios.
Este ensinamento, mediante a liturgia, é dada pela Igreja com frases suas ou com frases tomadas da Escritura (quer em seu sentido próprio, quer em seu sentido ajustado). Nas recentes modificações introduzidas com novas leituras e o evangelho na nova missa do Sagrado Coração , o tema bíblico dominante é o do amor a Cristo que se apresenta como Bom Pastor.
A importância que a Igreja concede atualmente ao Sagrado Coração, esta sublinhada pela categoria de sua festa, solenidade de primeira classe, das quais há somente 14 ao ano no calendário universal.
Além disso, a festa de Cristo Rei, também solenidade de primeira classe, esta estreitamente unida à espiritualidade do Sagrado Coração. Pio XI declarou ao instituí-la que precisamente a Cristo é reconhecido como Rei, por famílias, cidades e nações, mediante a consagração a seu Coração. E determinou que em tal festa fosse renovado todos os anos a consagração do mundo ao Coração de Cristo.
Toda esta atitude litúrgica da Igreja tem a finalidade de estimular nossa prática cristã pondo especial interesse em celebrar sua festa: comungando, assimilando seus ensinamentos, utilizando as orações litúrgicas, a consagração, etc. Como dizia Pio XI na encíclica Quas primas: "As celebrações anuais da liturgia têm uma eficácia maior que os solenes documentos do magistérios para formar ao povo nas coisas da fé".