Dom Gil Antônio Moreira Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora (MG)
Celebramos, dia 10 de agosto, na Arquidiocese de Juiz de Fora, os 30 anos da publicação da Exortação Apostólica, Familiaris Consortio. Tal Documento é marco importante na história da Igreja, lançado pelo Beato Papa João Paulo II em novembro de 1981. Somos convidados a reler este importante texto, inclusive buscando nele luzes e forças para responder às novas realidades relacionadas à família advindas depois de sua publicação. Veremos a visão avançada do Papa Woytila, que ficou conhecido também como Papa da Família. Tais temas são não se relacionam somente à religião, mas também ao mundo político.
No segundo domingo de agosto, Dia dos Pais, inicia-se em todo o Brasil a Semana da Família, com o lema: Família, Trabalho e Festa, escolhido pelo Papa Bento XVI para a recente Jornada Mundial das Famílias. Além das referências aos meios de subsistência pelo trabalho e a necessidade do justo descanso nos dias festivos, no bojo dos assuntos estão também as preocupações com a vida humana, por causa dos enormes problemas vividos hoje em dia, sobretudo em relação ao desrespeito aos nascituros e aos idosos, e ainda as incômodas deformações do conceito de família, com aplicações do termo a situações não apropriadas.
Tais temas constituem, de forma muito particular, um desafio para a classe política, envolvendo as próximas eleições. Ainda que tais assuntos, normalmente, sejam discutidos em estâncias superiores, ou seja, nas assembléias estaduais, câmaras de deputados e senado, envolvem também os municípios onde estão as bases eleitorais. Dizia Mario Covas, memorável Governador de São Paulo, que eleições acontecem é nos municípios onde estão os eleitores e os cabos eleitorais. Assim, ao eleger vereadores, prefeitos e vice-prefeitos, temos que conhecer suas opiniões e suas opções a respeito dos temas e os princípios éticos que defendem.
A Comissão para a Vida e Família, da CNBB, lançou há poucos dias, um interessante folheto que trata da questão. Entre outras indicações, é de se destacar o seguinte texto: A Igreja se preocupa com a forte tendência da cultura atual que não mais valoriza o dom de si para o bem do outro, antes, dá o privilégio ao bem estar individual, até mesmo com sacrifício de outros, como documenta a decisão do STF que privilegia o bem estar da mãe, sacrificando a vida do seu bebê portador de anencefalia.
Esta tendência transborda os limites jurídicos, torna-se mentalidade comum e está na origem da maioria dos conflitos familiares, das agressões, das violências, do descaso. A família constroi um estilo de vida que promove a solidariedade e a paz, e isto é de interesse de toda a sociedade.
Com relação aos deveres do Esrado, a nota afirma: Por isso, ela (a família) merece ser protegida e não descaracterizada pelo Estado como acontece quando qualquer união com base afetiva é a ela equiparada, mesmo faltando as características que a identificam. Isto não tem nada de homofóbico, mas tudo de lógico.
O texto da CNBB demonstra a importância de preservar a família em seu conceito original, quando afirma: A família é o primeiro lugar no qual a pessoa tem a possibilida¬de de crescer, realiza sua humanidade, encontra ter¬reno para o seu pleno de-senvolvimento.
Em Juiz de Fora, iniciamos, nesta 6ª feira,dia 10 de agosto, uma sequência de palestras e reuniões, dirigidas pelo grande professor Padre Alberto Bochatey-OSA, catedráico de Universidades de Roma, Membro da Pontifícia Academia para a Vida (Roma), e ainda atuante em meios acadêmicos da Argentina. De 2ª. a 5ª.feira, um curso intensivo sobre Bioética e Família reune padres, diáconos e seminaristas das dioceses de Juiz de Fora, Leopoldina e São João del Rei. Certamente as palestras servirão de subsídios para imulminar as decisões no exercício demorático do voto.
Para se escolher o candidato em quem votar, é justo que os cristãos, em consicência, examinem se sua escolha recairá em pessoas que procuram colocar em primeiro lugar a dignidade da pessoa humana, a ética familiar e social, afinal, bem comum.