No próximo 7 de outubro em todo o Brasil haverá o que é chamado “festa da cidadania”, ou seja, as eleições, que neste ano são em nível municipal. É neste momento que o eleitor diante das urnas confiará a prefeitos e vereadores os cargos de condução e governo de nossas cidades. O ato de digitar alguns números pode até ser tomado como simples e passado algum tempo, cair no esquecimento individual e coletivo. Porém, os efeitos do voto costumam ter consequências que duram bem mais do que nossa memória.
O envolvimento sério e consciente no pleito é questão de dever e direito do cidadão e auxilia na construção da democracia representativa, ou seja, os representantes (vereadores, prefeitos, deputados, senadores, governadores, presidente...) exercem seu poder em nome do povo e não com um poder próprio. Eles devem buscar em sua função de representantes do povo o bem comum da sociedade e nunca em favor do seu próprio bem ou de grupos.
É evidente que o tempo que estamos vivendo é de descrédito em relação a política, pois ela e os políticos já não conseguem responder às questões, demandas e anseios da população. É preciso lembrar que pautar-se pela ética e por uma conduta ilibada não é somente matéria para discursos ou favor que se presta à sociedade. Ser correto não deve ser algo extraordinário ou material para campanha eleitoral. É obrigação de cada cidadão, inclusive de todos os que disputam e ocupam cargos públicos.
Para que a corrupção, os desmandos e a falta de transparência nas coisas públicas não se tornem um desencanto constante na vida dos brasileiros é preciso que se renovem as estruturas e as pessoas. Isso podemos por meio de nosso voto consciente. É preciso que homens e mulheres de fé se tornem sal, luz e fermento onde são ausentes os valores cristãos. Como pessoas de fé todos são chamados a escutar os clamores do povo, a se pautar por valores humanos e éticos condizentes com os valores reais do Evangelho para que se construa em nosso meio uma sociedade mais justa, fraterna e solidária.
As eleições municipais têm um distintivo, pois coloca em disputa projetos para solucionarem problemas que estão próximos do cidadão, tais como: educação, saúde, segurança, trabalho, transporte, moradia, lazer, cultura, ecologia... Além do mais, os candidatos são mais próximos, o que deve favorecer com que a escolha seja mais acertada. O voto é pessoal e intransferível, mas tem consequências para a vida de toda a comunidade, por isso não se pode pensar que o exercício da cidadania só se dá no momento em que se vota.
É preciso que o eleitor estabeleça critérios dignos para discernir os autênticos políticos e estes estejam atentos para compreender que seu mandato é um serviço à população e não meio de se enriquecer ou de atender outros interesses. O verdadeiro político pensa no bem da sociedade, especialmente dos pobres e necessitados. “Eles, os políticos, precisam ter seu histórico de coerência de vida e discurso político referendados pela honestidade, pela competência, pela transparência e pela vontade de servir ao bem comum. Os valores éticos devem ser o farol a orientar os eleitores, em contínuo diálogo entre o poder local e suas comunidades.” (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB)
A partir deste horizonte algumas pistas nos deixam esclarecidos: vote sempre, pois não votar é omissão; vote com liberdade, pois na democracia se é livre para escolher; o voto é um direito e um dever de todo cidadão; não venda seu voto; conheça o candidato, sua história, suas alianças políticas; conheça o programa dos candidatos; fique atento às falsas promessas; vote com consciência exigindo projetos consistentes e que visem o presente e o futuro da cidade; examine quem está financiando a campanha do seu candidato e acompanhe os eleitos. As eleições são o começo de um processo e nunca o fim. Por isso, faça diferente, vote consciente.