Na vida familiar faz uma diferença abissal o pai marcar presença no lar, próximo da esposa, e interessado no bem dos filhos, e um pai que tem uma freqüência intermitente, é omisso, ou padece de um absenteísmo total. Toda criança tem direito a um pai. Isso dá segurança, chances maiores de uma boa educação, equilíbrio psicológico e mais firmeza. E o nosso Pai Celeste seria um ausente, um Ser Poderoso que criou todas as coisas, e se retirou em seguida para um ócio eterno? Isso seria até inimaginável. Como poderia o Ser, amoroso por excelência, tirar do nada sua obra maravilhosa, estabelecer-lhe leis, colocar um sentido antrópico em todo o cosmos, e em seguida se desinteressar por tudo? “Nele é que temos a vida, o movimento e o ser” (At. 17, 28).
Isso nos leva a refletir sobre a nossa proximidade familiar com o Pai por excelência. É sabido e experimentado por todos, como as criaturas, ao mesmo tempo em que são maravilhosas e surpreendentes, são cheias de limitações. Até nosso DNA pode ter defeitos. Só Deus é a pura perfeição. Diante das nossas carências, das angústias repetitivas, e dos males que nos assolam, devemos nos entregar ao conformismo? Padecer calados? O próprio Pai Justo (como Jesus o chamava), já nos deu soluções adequadas. Primeiro, deu-nos inteligência, para pegar os caminhos necessários para superar os inúmeros problemas da vida – tudo mediante muito trabalho e dedicação. Mas também Jesus nos encorajou para pedir a ajuda paternal de Deus. Ele, pela sua providência, sem infringir nenhuma lei estabelecida, pode nos ajudar. “Pedi e recebereis” (Mt. 7, 7). Mas não devemos facilmente pedir milagres. Isso seria invocar o Poderoso para corrigir a sua criação. Mas fazer pedidos de auxílio até honra a Deus. Quanto ás estiagens anuais, não nos devemos alarmar. Quando cheguei em Minas – há 35 anos – o povo me ensinou que os meses que tem erre no nome, são meses de chuva. E os meses que não tem erre são de seca. Portanto, o alarme que se faz, dizendo que já faz tantos meses em que estamos sem chuva, é falso. A alternância entre chuva e seca é bom para a natureza. Essa lei o Pai Eterno não vai corrigir. Se fizermos esse pedido, provavelmente Ele nos brindará com outros favores, eventualmente mais necessários.
Dom Aloísio Roque Oppermann scj – Arcebispo Emérito de Uberaba, MG.
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